Folha informativa N.º 6 /2010
Comissão Desenvolvimento Regional PCP-DORP
Desemprego em Agosto: Crescimento homólogo e Crescimento no mês
Os números do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) continuam a mostrar que o flagelo do desemprego, ao contrário do que querem fazer crer os governantes, não dá mostras de inverter o seu ciclo de crescimento. Em Agosto, mês em que o Eurostat informou que Portugal atingiu o recorde histórico de 11,0% na sua taxa de desemprego, existiam em Portugal quase 550 mil desempregados, o que significa uma subida, face ao mesmo mês do ano anterior, de 9,6%, e um acréscimo de 0,3% em relação ao mês precedente.
Também na região Norte e no distrito do Porto o crescimento se regista nas duas vertentes. Embora a subida homóloga seja ligeiramente mais baixa do que a média nacional (8,6% no Norte e 8,0% no distrito do Porto), a subida mensal foi mais acentuada (0,9% e 0,8%, respectivamente). Porém, e como é habitual, as realidades concelhias são bastante díspares, verificando-se subidas bastante mais significativas em determinados municípios, normalmente situados no interior do distrito, onde a crise bate mais forte. Acima da média nacional, houve um crescimento homólogo de 11,5% em Baião, 15,6% no Marco de Canaveses, 10,1% em Penafiel, 10,4% em Valongo e 12,3% em V. N. de Gaia. Invulgar o facto de em Felgueiras se ter registado uma descida homóloga de 2,1%, facto único a nível do distrito e seguramente raro a nível nacional. Em termos mensais, de salientar a subida significativa, e bastante
acima da média nacional e mesmo distrital, de Paredes (1,6%), Santo Tirso (2,3%), Trofa (2,8%), Valongo (2,0%) e V. N. De Gaia (1,7%).
Desemprego feminino e Desemprego de de longa duração: a mesma tendência de agravamento
Depois de analisarmos os valores do desemprego através dos números do IEFP, é importante olhar com atenção algumas das vertentes analisados por aquela instituição e que revelam situações que se agravam continuamente. Assim, observemos o que se passa com o desemprego das mulheres e o de longa duração (acima de um ano).
No que respeita ao desemprego feminino verifica-se que, dentro deste flagelo social, são as mulheres as que mais sofrem as agruras do desemprego. Dos 549 654 desempregados existentes em Portugal, no final de Agosto, 301 311 são mulheres, ou seja, 54,8% do total. Mas esta proporção é agravada na região Norte onde 58,1% do desemprego é feminino, sendo de 57,4% no distrito do Porto. Isto significa que mais de metade dos desempregados são mulheres, embora, analisando, os números concelhios se registam situações perfeitamente aberrantes e que atingem valores que ultrapassam os dois terços no desemprego feminino. Baião (74,9%), Amarante (70,5%), Marco de Canaveses (67,0%) e Trofa (65,1%) são as situações de maior desigualdade no desemprego por género.
Por outro lado, outro fenómeno que se agrava dia a dia e que deveria merecer uma atenção muito particular dos poderes públicos é o que sucede com os que se encontram desempregados há mais de um ano. E acreditamos que estes números do IEFP devam estar calculados por defeito porque é nesta faixa de desemprego onde mais se faz sentir a desistência, de que resulta o seu apagamento das estatísticas. O quadro dá nota dos números de Agosto de 2009 e 2010 onde é visível o crescimento exponencial do desemprego de longa duração, mais evidente a Norte e no distrito do Porto.
Desemprego de longa duração
Para além do facto de trabalhadores que estão desempregados há mais de um ano já serem mais de 40% do total do desemprego em Portugal (50% no distrito do Porto), regista-se um enorme crescimento no espaço de um ano. O acréscimo entre 2009 e 2010 ultrapassa, em qualquer dos casos, os 35%, um número inconcebível (no mesmo período, como vimos, o desemprego total subiu 9,6%).
Como sempre, se analisarmos os números concelhios verificamos situações ainda mais dramáticas, como são os exemplos de Santo Tirso onde o desemprego de longa duração representa 57,4% do total, da Trofa (55,4%), de V. N. de Gaia (54,9%) e Baião (53,1%).
Diminuição do emprego em Portugal atingiu 1,5 % no 2º trimestre deste ano
O Eurostat, na sua análise ao emprego no 2º trimestre de 2010, conclui que Portugal teve um decréscimo homólogo de 1,5% (o 5º mais elevado da zona euro), e uma descida face ao trimestre anterior de 0,6%. Isto num quadro de estabilização do emprego na UE, onde se registou uma ligeira baixa homóloga de 0,6%, mas uma variação nula em relação ao trimestre precedente.
Mais grave o facto de, desde o 3º trimestre de 2009 Portugal estar a perder emprego sucessivamente, face ao trimestre homólogo. Assim, no 3º trimestre de 2009 a quebra foi de 3,1%, no 4º trimestre do mesmo ano foi de 2,8%, no 1º de 2010 de 1,7% e, agora, no 2º deste ano, de 1,5%. A destruição de emprego é constante, conduzindo, entre outras consequências, a um contínuo aumento do desemprego, para o qual o quadro político vigente não oferece soluções.
2010 Setembro
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