quinta-feira, 29 de abril de 2010

PCP toma posição em comunicado sobre acidente ocorrido em escola de Baltar

A Comissão Concelhia de Paredes do PCP tomou conhecimento de um acidente ocorrido na Escola EB2,3 de Baltar em que parte do telhado de um edifício dentro do recinto escolar caiu em cima de alunos, com a necessidade de alguns serem transportados ao hospital.

O PCP exige o apuramento e a responsabilização do ocorrido neste estabelecimento de Ensino Publico. O Ministério da Educação deverá assumir as suas responsabilidades. Compete igualmente às Autarquias, e nomeadamente à Câmara Municipal de Paredes, a responsabilidade por medidas urgentes de vistoria e segurança pois temos a certeza que pelo estado degradradado de parte da Escola é uma questão de tempo lá haver outro acidente.

Este não é o único problema que afecta esta escola, pois o PCP chama atenção da sua má localização devido ao facto de estar junto a Estrada Nacional 15, bastante congestionada de trânsito, o que cria um sério perigo de acidentes.

Acrescem os problemas do transporte escolar insuficiente que expõe dezenas de crianças ao perigo, com o facto do excesso de alunos transportados em cada veículo.

A Comissão Concelhia de Paredes do PCP considera que apesar dos danos pessoais não serem graves, não pode deixar de denunciar a inércia de quem expõe crianças a tamanhos riscos.

Paredes, 29 de Abril de 2010
A Comissão Concelhia de Paredes do PCP

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O MOCHO

Em Paredes dá-se um fenómeno curioso: há alguém que não desiste de nos contar o que se passa nas reuniões do Executivo e da Assembleia Municipal. Após essas reuniões lá vem a habitual crónica escrita.
Mas esses relatos são tão parciais e tão originais que me obrigam sempre a concluir que o autor de tão peculiares crónicas certamente não consegue ouvir convenientemente o que se passou.
Sinto-me portanto obrigado a propor uma solução logística aos Senhores Presidente da Câmara e da Assembleia Municipal. Por favor, em nome do bom nome dos políticos locais, instalem no meio dos lugares dos vereadores ou das cadeiras dos membros da Assembleia um banquinho para o nosso repórter politico – institucional.
Com um simples banquinho talvez o disparate e a mesquinhez se atenuem.
Apesar de não ter conseguido ser candidato, nem muito menos ser eleito, ele merece pelo menos a solidariedade de um mocho.

* mocho- versão popular de banco de madeira

segunda-feira, 26 de abril de 2010

27 Abril - Greve de todos os trabalhadores do sector ferroviário

No dia 27 de Abril a GREVE é de TODOS OS TRABALHADORES DO SECTOR FERROVIÁRIO e a duração é de TODO O DIA na CP, REFER, EMEF, CP-Carga, Fertagus, Via Porto, Metro do Porto, Metro de Mirandela e de 3 horas por turno na SOFLUSA.

Recomendação Aprovada na Assembleia Municipal de Paredes

Coligação Democrática Unitária
Paredes
(P.A.O.D.)
PROPOSTA DE RECOMENDAÇÃO
Considerando que:
1.A área abrangida pelas Serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores e Banjas que o nosso concelho partilha com. Valongo, Gondomar, Penafiel, possui valores patrimoniais e paisagísticos que importa preservar, requalificar e valorizar;
2.A importância cientifica, ambiental e histórica daquele território, que é um dos mais importantes núcleos naturais da Área Metropolitana do Porto, foi comprovada e reconhecida pela União Europeia que, em 2004, o classificou como Sítio de Importância comunitária, integrado na Rede Natura 2000, reiterando a necessidade de proteger e preservar os habitats naturais, bem como a fauna e flora selvagens;
3. Desde 1975, várias entidades vêm propondo, através de iniciativas diversificadas, a classificação daquelas serras como área de paisagem protegida de âmbito regional, sem que tal objectivo tenha sido concretizado até à presente data;
4. O Plano Estratégico de Ambiente da Área Metropolitana do Porto - conhecido como “Futuro Sustentável” - contempla, no conjunto de acções a desenvolver, a criação da Área de Paisagem Protegida das Serras de Santa Justa, Pias , Castiçal, Flores e Banjas de âmbito regional, a integrar na Rede de Parques Naturais da AMP;
5. Recentemente, a Câmara Municipal de Valongo decidiu avançar, isoladamente, para a criação de uma Área de Paisagem Protegida de Âmbito Local - ao abrigo do Decreto-Lei N.º 142/2008, de 24 de Julho - relativa às Serras de Santa Justa e Pias, que abrange o território da Rede Natura 2000 integrado naquele concelho, alegando que “todas as tentativas de proceder a uma classificação conjunta com os municípios vizinhos, não tiveram prossecução, apesar da autarquia ter apelado ao envolvimento do ICNB e da CCDR-N” e concluindo que “à data de hoje não há qualquer expectativa de uma classificação conjunta”;
6. Está em consulta pública, desde 15 de Fevereiro, a proposta de classificação das Serras de Santa Justa e Pias como Paisagem Protegida Local, decidida pela Autarquia vizinha;
7. Um dos objectivos inscritos nas Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2010, no âmbito do planeamento territorial, é “criar, em conjunto com as Câmaras Municipais de Valongo, Paredes, Penafiel e Gondomar a Área de Paisagem Protegida de Santa Justa”;
8. Urge reforçar as medidas de protecção, definindo e aplicando politicas de conservação da natureza, da biodiversidade e do legado histórico-cultural, que garantam a gestão sustentável de toda a área das Serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores e Banjas classificada como Sítio de Importância Comunitária, valorizando o património e o usufruto adequado dos espaços e dos recursos, o que só será possível com a acção concertada dos quatro municípios em que aquele território está integrado. (Valongo, Gondomar, Penafiel, Paredes)
Ao abrigo das disposições legais e regimentais, PROPOMOS:

Que esta Assembleia delibere recomendar à Câmara Municipal o estabelecimento de contactos com as Câmaras Municipais de Valongo, Gondomar, Penafiel com a brevidade possível, para que a Área de Paisagem Protegida que o Município de Valongo pretende criar tenha um âmbito intermunicipal e abranja todo o território das Serras de Santa Justa, Pias, Castiçal, Flores e Banjas, classificado como Sitio de Interesse Comunitário.

Paredes, 24 de Abril de 2010
Os Deputados Municipais

Moção Aprovada na Assembleia Municipal de Paredes


MOÇÃO
Aprovada em 24 de Abril de 2010

Considerando que:

1. Recentemente, o Governo apresentou às instituições da União Europeia o
Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC). No PEC, entre outras medidas atentatórias do interesse publico, estão previstas um conjunto significativo de privatizações;

2. Uma das privatizações previstas refere-se a linhas suburbanas da Empresa
Comboios de Portugal (CP);

3. As linhas suburbanas do Porto da CP (Aveiro, Braga, Caíde / Marco de
Canavezes, Guimarães e Leixões) são um elemento fundamental para a mobilidade de passageiros e cargas no Distrito do Porto;

4. As linhas suburbanas do Porto correspondem a uma das partes mais rentáveis da empresa CP, ou seja, aliam o cumprimento de uma importante função social a bons resultados financeiros;

5. O papel social da CP e das linhas suburbanas do Porto não é compatível com uma gestão economicista estritamente dirigida para a obtenção de lucros;

6. Todas as medidas previstas no PEC, incluindo as privatizações, serão ainda objecto de discussão e decisão caso a caso do Governo e da Assembleia da
Republica.

A Assembleia Municipal de Paredes do distrito do Porto, reunida em 24 de Abril de 2010, delibera:

Reclamar do Governo que mantenha as linhas suburbanas do Porto integradas na empresa CP e em propriedade pública;

Manifestar aos Grupos Parlamentares na Assembleia da Republica a sua discordância com qualquer perspectiva de privatização das linhas suburbanas do Porto da CP;

Recomendar à Câmara Municipal de Paredes que, no exercício das suas competências, defenda junto do Governo e da opinião pública a salvaguarda das linhas suburbanas do Porto da CP de um eventual processo de privatização;

Enviar cópia desta Moção ao Senhor Primeiro-Ministro, aos Grupos Parlamentares na Assembleia da Republica e aos Senhores Presidentes de Câmara e Assembleias Municipais dos Concelhos integrantes na Comunidade Urbana.

Paredes, 24 de Abril de 2010

Os eleitos da CDU – Coligação Democrática Unitária na Assembleia Municipal de Paredes

domingo, 25 de abril de 2010

sexta-feira, 23 de abril de 2010



Apesar da hipocrisia e da mentira, Abril será sempre Abril, sinónimo de Liberdade responsável, longe da cegueira vil

Por isso, todos aqueles que fazem de conta que o dia 25 de Abril é um dia como os outros estão, sem o saber, a comemorar o 25 de Abril.



Todos aqueles que disserem mal da revolução dos cravos estão, sem querer, a prestar uma homenagem ao 25 de Abril. Porque foi o 25 de Abril que restituiu a todos os portugueses, mesmo àqueles que são contra ele, o direito de viver sem medo, de falar sem medo e, sobretudo, a liberdade de discordar sem medo.


Viva a liberdade, Viva o 25 de Abril.



Paulo Ferreira

SANTINHOS


(em DN, de 19-4-2010)

DA LEITURA DOS JORNAIS

O ALUNO CÁBULA
Afinal Mário Soares nada aprendeu de coordenadas terrestres com Álvaro Cunhal. A prova está aqui:
“Cabo Verde não deveria ter sido independente e teria muito a ganhar em ter evitado a separação em relação a Portugal” e “não assisti à independência de Cabo Verde por isso mesmo” (declarações em Colóquio no Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa). “Eu pensava que Cabo Verde não é propriamente África porque Cabo Verde é um arquipélago do Norte do Atlântico”, argumentou.
Estamos elucidados. O aluno era mau , tanto em Geografia, como História, como Cultura Geral. Meteu-se em Estudos Políticos e aí foi um desastre. Agora, como todo o aluno cábula, conta algumas das suas recordações, misturando-as com alguma imaginação. Chegou a ministro, ascendeu a Chefe de Governo, alcançou o cargo de Presidente da Republica. Lembram-se?

Desenho inédito de Álvaro Cunhal


Requerimento à Assembleia Municipal


Cristiano Manuel Soares Ribeiro, eleito pela CDU na Assembleia Municipal de Paredes, no âmbito do Artigo 60º do Regimento da Assembleia Municipal de Paredes e nomeadamente da sua alínea b), que define os direitos dos membros da Assembleia, requer através da Mesa desta Assembleia ao Executivo Camarário o esclarecimento seguinte:

O espaço delimitado pela Rua Dr. António Mendes Moreira e Rua Francisco Augusto Ferreira, na Cidade de Paredes, tem sido ocupado como parque de estacionamento público, possuindo inclusive uma placa específica atribuída a instituição da Justiça

As características desse espaço público tal como está não asseguram qualquer qualidade e segurança a potenciais utilizadores sendo o piso de terra batida e os seus limites completamente insólitos.

A imagem externa degradada desse espaço urbano, tão próximo da sede do município, transforma a cidade de Paredes numa localidade de qualidade e exigência menores, onde o feio, o precário e o caricato coexistem.

Pergunta-se:

Que apreciação faz a Câmara Municipal desse espaço público e durante quanto mais tempo se manterá a situação descrita?

Que alternativas estarão previstas?

Paredes, 9 de Abril de 2010

O eleito da CDU

Cristiano Ribeiro

O ESTADO DE UMA GERAÇÃO


O Município de Paredes, através do Pelouro da Educação, vai realizar, à semelhança de anos anteriores, a edição da Assembleia Municipal de Jovens, envolvendo alunos do Concelho, a realizar no próximo dia 10 de Maio. Pretende-se com esta actividade, que decorre em várias fases, que se promova um debate aberto entre a população escolar jovem do concelho com a finalidade de desenvolver nela competências de cidadania activa e de participação cívica. A temática deste ano foi o tema “A República”.
São já conhecidas as propostas das diversas escolas, a debater e a votar na referida Assembleia. Foram certamente propostas consensuais em cada escola e por isso abordam questões consideradas pertinentes pela população estudantil. Constituem portanto um barómetro do sentir e pensamento consciente de um segmento importante dos paredenses. Vejamos algumas das preocupações expressas:
- participação dos jovens e da sua opinião própria nas autarquias
- interesse colectivo versus interesses individuais e novas formas de organização independente
- regime de governo e corresponsabilização Presidente / Governo
- lei da Paridade
- capacidade electiva de eleitores não residentes nas eleições autárquicas
- prémios e bolsas de ensino, acessibilidade de serviços de saúde, colónias de férias
- desenvolvimento, politicas sociais e parque escolar
São portanto questões importantes, mesmo para o olhar de um adulto, as temáticas que cada escola escolheu. Mas parece-me algo recuada a consciência de outros problemas igualmente pertinentes e que parece-me (e sublinho parece-me) terem estado subalternizados, nomeadamente pelos próprios alunos e pelos professores dinamizadores.
Eis alguns:
- o futuro profissional dos jovens, o emprego, o sucesso
- as condições de trabalho dos jovens, a precariedade, a mobilidade, a família
- a autoridade, a segurança, a violência nas escolas, os Regulamentos Internos das escolas
- a sexualidade, a adolescência e os afectos
- os valores e a ética, a(s) liberdade(s) e a responsabilidade, numa concepção moderna e na óptica dos jovens
- a ecologia e o consumo
-as dependências, os riscos e as patologias

Alguns argumentarão que o tema “A República” por si só restringe os projectos a discutir na edição da Assembleia Municipal de Jovens. Nada mais falso. A República não pode ser um chavão histórico e bafiento, recordação de factos e personalidades, cultivo de referências e valores do passado. A República é o tempo presente, ou melhor, é a superação do tempo presente, das suas ineficácias, das suas incapacidades ou das suas perversões. Só assim se pode discutir o papel da juventude, dos seus desejos, das suas ambições. Que passa por outra República, onde se viva e não só se recorde o passado com lamentações pelo presente.

Cristiano Ribeiro

Movimento de Utentes da Unidade de Saúde Familiar de Gandra

O PCP está solidário com o Movimento de Utentes da Unidade de Saúde Familiar de Gandra que, através do abaixo-assinado e com a colaboração da maioria da População, conseguiram assim que estejamos perante a transformação do Centro de Saúde numa Unidade de Saúde Familiar (USF), capaz de prestar um Serviço de Saúde de Qualidade, que se exige Público e acessível a todos os Cidadãos, e como um direito consagrado na nossa Constituição.
A inauguração da Unidade de Saúde Familiar de Gandra é, sem dúvida, uma data a ser recordada no futuro como uma vitória da sua População e do seu Movimento de Utentes!
A População de Gandra soube, em tempo oportuno, reivindicar melhores cuidados de saúde e por isso foi justamente recompensada. Hoje, com a abertura de uma USF, reforçam-se as perspectivas de melhores Serviços de Saúde em Gandra.
Temos a certeza de que valeu a pena lutar por um prolongamento de horário de atendimento e pelo aumento da capacidade de resposta dos Profissionais de Saúde, capaz de melhor servir os interesses de todos os Utentes.
O abaixo-assinado despertou a consciência de muitos Gandarenses de que agir organizadamente contribui para a resolução dos problemas da População.
Todos nós nos devemos sentir felizes por este dia finalmente chegar à nossa Terra, com a certeza de que iremos continuar vigilantes quanto ao futuro.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Frase da semana

"Não admira que os portugueses estejam contentes com a saída de Victor Constâncio", declarou Astrid Lulling, deputada democrata-cristã luxemburguesa, ao questionar o governador do Banco de Portugal sobre os casos BCP, BPP e BPN. Este assumirá o cargo de vice-presidente do Banco Central Europeu em Junho próximo. Mas para aquela euro-deputada, entregar a supervisão do BCE a Constâncio "é como dar dinamite a um pirómano".

Jerónimo e Cavaco – Malha em cheio no fito


Os posicionamentos individuais perante a vida e os acontecimentos que a compõem, se não definem sempre a origem e consciência de classe dos indivíduos, pelo menos esclarecem-nos sobre os seus alinhamentos, simpatias e pensamento. É assim com quase todos os factos da nossa vida social e política... é assim com o PEC.
Este Programa de alegada Estabilidade e reiteradamente prometido Crescimento é um conjunto de medidas de tal maneira definidor de uma política, que quase todas os ataques, defesas, ou simples opiniões sobre ele, dizem-nos claramente ao que vem quem se pronuncia.
Assim chegamos a Jerónimo de Sousa, um político e um ser humano de quem gosto alguns dias ainda mais do que nos restantes. Perante a fúria privatizadora deste PEC, em que o governo PS tenta disfarçar a entrega de mão beijada aos privados de tudo o que dá lucro no sector público, de solução não só inevitável, como também um bom negócio para o Estado, Cavaco Silva rapou dos seus méritos contabilísticos e descobriu que isso (a juntar às restantes malfeitorias de que o PEC está cheio) é uma coisa muito boa para Portugal.
Ao lembrar que a nossa Constituição preconiza a existência de um forte Sector Empresarial do Estado, Jerónimo de Sousa afirma que esta posição de Cavaco é um mau trabalho. Mau trabalho como economista, mau trabalho como cidadão, péssimo trabalho como Presidente, que tem como obrigação maior defender a Constituição.
É uma afirmação contundente, esta de Jerónimo de Sousa. Bate aos pontos o meu já habitual “pano encharcado”...

REGISTOS DA HISTÓRIA – V


Cunhal e os jovens


Nos anos de 1998 e 1999, Álvaro Cunhal, então já ex-Secretário Geral do Partido Comunista, visitou estabelecimentos escolares do Vale do Sousa a convite de Conselhos Directivos das Escolas e de Associações de Estudantes.
Em 1998 foi a Escola EB 2/3 N.º1 de Penafiel que convidou Álvaro Cunhal para falar do tema “Do Estado Novo á Democracia” no auditório da ACIP. Ás centenas de alunos, professores e pais que enchiam o auditório, Cunhal referiu então que, admirando a juventude, não podia deixar de constatar que “os jovens não eram muito politizados” e tinham uma “reflexão negativa sobre os políticos”.
Já em 1999, na Escola Secundária de Lousada, Cunhal dizia deparar com uma juventude “em constante reflexão viva” e lembrava que “os grandes grupos económicos ditam as regras”. Já então...
E formulou três conselhos: “Vejam todos os vossos semelhantes ao mesmo nível, numa perspectiva de respeito, na outra pessoa há sempre algo para aprender, mesmo que não se trate de pessoas com cultura, pois certamente poderão colher delas os ensinamentos da sua experiência de vida e não tenham receio de expressar a vossa opinião”.
E falando de aprendizagens, lembrou um episódio da sua história pessoal. Quando foi convidado para trabalhar no Colégio Moderno, propriedade do pai de Mário Soares, na qualidade de regente de estudos dos chamados “correccios”, o pai Soares pediu que Cunhal desse explicações ao filho Mário Soares e a outro aluno sobre “coordenadas celestes”. E rematou Cunhal em Penafiel: “nas celestes ainda fui professor de Mário Soares, nas terrestres nunca consegui sê-lo” Era uma figura ímpar, Álvaro Cunhal. E assim permanece na memória e vida de muitos.

TODOS SOMOS GALEGOS

A emigração em Portugal sempre existiu, mostrando que este Portugal sempre foi “madastro” para muitos dos seus filhos. Nos anos 60 e início dos 70 acentuou-se o fenómeno , verificando-se a procura de uma melhor vida e a fuga às guerras coloniais. Hoje, em pleno regime democrático, politicas de classe determinam a ausência de condições materiais mínimas para sobreviver dentro de fronteiras e para muitos a procura (muitas vezes ilusória) de melhores salários fora da Pátria.
A emigração sempre foi cantada em Portugal. José Afonso cantou-a na Canção do Desterro e no Adeus ò Serra da Lapa. Mas a mais emblemática interpretação do fenómeno da emigração teve a voz sempre eterna de Adriano Correia de Oliveira no poema de Rosalía de Castro, poetisa Galega, letra adaptada e música de José Niza (Cantar de Emigração).
Hoje escondem-se as “mães que não têm filhos e os filhos que não têm pais”.

Cantar de Emigração
Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão

Tens em troca
órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai

Coração
que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará

Desenho inédito de Álvaro Cunhal


DA LEITURA DOS JORNAIS


A Assembleia Municipal de Paredes continua a ser comentada de forma crítica, nomeadamente pelo tom insultuoso que PSD e PS utilizam nas suas intervenções. Mas muito mais acontece, que não tem sido divulgado, nomeadamente a intervenção séria e qualificada da CDU.
Percebe-se mal o tom abusivo de generalização que a todos enlameia em geral, num “todos iguais, mesmo que sejam diferentes”.
A propósito de um editorial de um semanário local, que insinua um ambiente de generalizada “macacada”, e não reconhece uma distinta forma de agir na CDU, o respectivo autor merece que se lhe diga:
“Cego também é o que vê e se nega a acreditar no que vê. Mas o pior cego é o que ilude o que realmente vê, tentando ser o que não é – justo e sério.”.

REGISTOS DA HISTÓRIA – IV

No ano de 2003, no auge da invasão do Iraque pela Coligação liderada pelos Estados Unidos da América e Grâ-Bretanha, Cristiano Ribeiro escreveu um texto poético, publicado no O Progresso de Paredes, de 11 de Abril.
Álvaro Pinto, na qualidade de membro da Assembleia Municipal de Paredes, leu o referido texto em sessão da Asssembleia, provocando a irritação de alguns, nomeadamente do Presidente da Junta de Freguesia de Recarei, Pedro Nunes (PSD).
Eis o texto:

A ESTRADA DE BAGDADE

Corre veloz o tempo
no asfalto da estrada de Bagdade
na agreste companhia
do vento do deserto.

Percorre-o agora uma força implacável
um demónio uma fúria uma vingança
á ilharga de estranhos deuses invocados
no comércio mentiroso da esperança.

Ó Mesopotâmia!
Querem libertar-te
agrilhoando teus pulsos
querem seduzir-te
violando teu corpo
querem-te dócil
para melhor os servires,
das entranhas até aos ossos,
porém, resistes!

Ó Mesopotâmia!
Na tua memória
persiste o tropel de tantos exércitos
de ambições loucas
e vontades férreas.
Agora querem redimir tua sede,
tua dor, teus mortos
extirpando-te a alma
e secando teus poços,
porém, não desistes!


As lagartas das máquinas de guerra
deslizam na estrada de Bagdade
imperiais e ofegantes,
atrasadas para o festim
e eles iluminam teus céus
atroam tuas cidades
penetram sem aviso
os limites das tuas portas.
Pássaros de fogo
cercam a cidadela do teu coração
e pulverizam a esperança
com bombas de fragmentação.

E quando exausta e vencida, já deitada
te faltar a coragem, as armas, a vontade de lutar
Ó Mesopotâmia!
Não te rendas aos invasores!
Olha-os nos olhos
orgulhosa, firme no olhar
e canta, canta que em todo o mundo é possível
um Tigre e Eufrates de águas límpidas
e que em todo o lado há gente
que sofre sem chorar

E então senti-los-ás reflectir
senti-los-ás vacilar
sentir-te-ás renascida
Ó Mesopotâmia!
Tu és de todo o lugar!
E, nós, os filhos da justiça
teu nome faremos honrar

Corre veloz o tempo
no asfalto da estrada de Bagdade
longa a jornada,
incerto o destino,
paciente a razão
num sofrimento
sentido

No asfalto da estrada de Bagdade
nascerão flores
que enfeitarão cabelos de crianças
e então morrer, finalmente
será proibido.