quarta-feira, 24 de março de 2010

EM 2.ª MÃO


A CP vai recorrer a automotoras espanholas em segunda mão para o serviço regional. A notícia surgiu recentemente. O negócio prevê o aluguer durante 5 anos de 17 automotoras a diesel da transportadora espanhola RENFE.

A CP pagará 5, 35 milhões de euros por ano, num total, estimado para o período completo de aluguer, de cerca de 30 milhões de euros. O acordo prevê a revisão integral das automotoras que será efectuada nas oficinas espanholas da INTEGRIA, associada da RENFE para a manutenção de material ferroviário circulante.
O contrato vai assim trazer trabalho para as oficinas da INTEGRIA, cujos objectivos estratégicos passaram do inicial fabrico e manutenção para prestador de serviços de referência. A própria formação dos maquinistas portugueses far-se-á em Espanha.
As automotoras espanholas são tão antigas quanto o material que vêm substituir (com origem nos anos oitenta). Foram em Espanha substituídas por material mais moderno. Em Portugal o deficite de material circulante deveria ser colmatado por concurso público estimado em 300 a 500 milhões de euros. Mas com o adiamento desse concurso público, sabe-se lá porquê, a solução passa a ser a “espanhola”.
Esta prática de gestão que coloca os interesses de Espanha como prioridades nacionais tem já expressão num outro protocolo, que permite o aluguer á CP pela RENFE de dois comboios Talgo para efectuarem o Sud-Expresso (Lisboa-Hendaya), com manutenção do material em Madrid. São mais 2 milhões de euros ao serviço de Castela.
Entretanto as oficinas da EMEF estão vazias, e sem trabalho, inúmeros jovens trabalhadores contratados a prazo foram dispensados e o país estiola nas suas capacidades de produção industrial e serviços.
Tudo porque temos gestores e políticos em circulação a precisar de ir para a sucata...

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