domingo, 7 de novembro de 2010

A GREVE NECESSÁRIA



O dia 24 de Novembro é um dia com significado especial. Aqueles que se sentem agora roubados nos seus salários e nas suas pensões, aqueles que se viram espoliados nos direitos a prestações sociais, no acesso a trabalho com direitos ou ao acesso a serviços públicos de qualidade, terão a oportunidade de fazer valer a sua indignação, a sua revolta, a sua oposição. No dia 24 de Novembro, cada um desses portugueses vítimas da ganância, de usúria do poder, da discriminação e exclusão social, podem com um simples gesto reverter a sua condição: dizer NÃO, dizer colectivamente NÃO.

O dia 24 de Novembro é um dia contra as medidas de austeridade que encostam á parede os que menos têm e menos podem. E que hipotecam o desenvolvimento do país, levam à recessão na economia, aumentam as desigualdades sociais. E provocam o generalizado agravamento da qualidade de vida, com o aumento do IVA e dos preços dos produtos alimentares, dos medicamentos e de serviços prestados na área da saúde, da educação, da energia, dos transportes colectivos, das custas judiciais e outras taxas do Estado.

O dia 24 de Novembro é a votação popular do Orçamento do PS e do PSD, do Mau Orçamento que todos falam, do corte nos salários reais dos trabalhadores do sector público em 2011 entre 3,2% e 13,2%, da redução do pagamento de novas contratações do sector privado em 30 a 40% nos últimos 2 anos. É também um sinal afirmativo da necessidade de se confirmar o salário mínimo de 500 euros em 1/1/2011, exigência inegociável.

O dia 24 de Novembro é também a resistência popular e generalizada contra o desemprego que violenta qualquer trabalhador e empobrece o país, contra o poder económico e financeiro dominante, contra a economia paralela, a fraude e evasão fiscais, as transferências financeiras em direcção aos paraísos fiscais, a favor da tributação das grandes fortunas, dos valores das transações em bolsa e dos produtos de luxo.

O dia 24 de Novembro é um sinal contra as injustiças e um propósito para mudar de politicas. Não se trata de uma simples greve de empresa ou sector, fruto de reivindicações precisas e limitadas. Não se trata de uma oportuna greve de trabalhadores activos, indispensável para garantir condições do presente. Não se trata de uma greve promovida por um sector mais politizado ou mobilizado para a luta.

Trata-se de uma greve nacional, geral, promovida pelas duas confederações sindicais e por muitos sindicatos independentes, que mobiliza os trabalhadores activos, os desempregados, idosos e aposentados, as novas gerações. É um BASTA! incondicional, um MURRO NA MESA vigoroso, um ESTAMOS CÁ! que junta, consciencializa, solidariza os diversos sectores da sociedade, contra o rumo de miséria, de desemprego, de futuro sem esperança.

A coragem também-se se adquire. Ao longo da História, os povos sentiram muitas vezes a necessidade de assumirem o protagonismo, de cortar as amarras que o ligavam á mediocridade das suas elites ou poderes fácticos. E com a razão e o coração, juntos, mesclados em acção coerente, não haverá inimigos ou distrações que lhe determinem o destino.

Cristiano Ribeiro

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