sábado, 5 de junho de 2010

GAZA, A PRISÃO DOS CÃES


A notícia chegou na manhã de segunda feira. Israel tinha atacado com forças militares uma frota de barcos com dez mil toneladas de bens de primeira necessidade, que se dirigia á Faixa de Gaza, provocando dezenas de mortos e feridos. Tratava-se de uma iniciativa pacífica com fins humanitários, que para além de responder de forma prática a uma necessidade básica de muitos milhares de palestinos, pretendia também denunciar o criminoso bloqueio de Gaza pelas forças sionistas de Israel.


Gaza é um território árido de 360 km2, que se extende ao longo do Mar Mediterrâneo numa faixa de 41 km de comprimento e 6 a 12 km de largura. Aí vegetam entre a vida e a morte cerca de 1,5 milhões de pessoas, a grande maioria expatriados das suas casas em território de Israel pela 1.º guerra israelo-árabe de 1967. A sua localização geográfica com fonteiras a Norte e Leste com Israel e a Sul com o Egipto torna-a vulnerável. Mas Gaza é também a maior prisão ao ar livre do mundo e um campo de concentração não declarado neste século XXI. Israel impõe um bloqueio completo, que se faz fechando as fronteiras e controlando o espaço aéreo, impedindo assim que a vida de mais de um milhão de pessoas decorra com normalidade e esperança.


São inúmeros os relatos aí do sofrimento, de uma morte lenta, de uma atrocidade sem limites que está certamente ao mesmo nível do genocidio. O Estado Judeu comporta-se como um Estado nazi-sionista, impondo politicas de apartheid e de prática de assassínios que envergonham a espécie humana. E o facto de reiteradamente tentarem “justificar” essa politica cometida em qualquer parte do mundo na mais completa impunidade e também o seu lunático fanatismo religioso com o tremendo sofrimento, humilhações e massacres sofridos pelos seus avós às mãos do nazi fascismo só os penaliza.


Este novo acto de terrorismo de Estado, ás mãos de Barak, Lieberman, Netanyahu e Cia, culmina o desepero e fraqueza do sionismo istraelita. A Flotilha da Liberdade transportava o dever moral e a consciência solidária de 700 activistas de 40 países, crentes e não crentes, deputados, jornalistas, activistas dos direitos humanos, mães. Usava a bandeira branca, simbolo da não violência, e a bandeira turca em águas internacuionais. E em plenas águas internacionais foram assaltados pelos comandos israelitas, pela calada da noite, tendo ocorrido o massacre que o cerco informativo israelita tenta impedir que seja contabilizado nas suas vítimas.


Gaza é para os amantes da paz de todo o mundo uma prisão que precisa de ser denunciada, uma impunidade que não nos deve calar e desarmar, uma causa comum que nos deve mobilizar. A inação é cumplicidade e uma traição à humanidade, como diz o Comité do Tribunal de Bruxelas. Gaza é uma prisão dos cães. Mas esses estão cá fora, impondo um ilegal, imoral e desumano bloqueio ou o suportando nas instituições internacionais, nos EUA ou na Europa, nas Nações Unidas ou nos Tribunais Internacionais, no silêncio dos jornais ou dos púlpitos das igrejas. Afinal os cães criminosos estão no meio de nós.


Cristiano Ribeiro

Sem comentários:

Enviar um comentário