Bertolt Brecht
“Em duas singelas páginas o meu camarada Álvaro Cunhal expressou aquilo que considerou como a sua última vontade: ser-lhe-ia muito grato, para além de não haver pronunciamento de discursos, que no funeral estivessem presentes os seus camaradas dos mais responsáveis aos mais modestos e desconhecidos junto dos quais lutou antes e depois do 25 de Abril, até aos últimos dias da sua vida, os familiares a quem muito amava, amigos sem partido, homens e mulheres e jovens que se habituou a estimar e a respeitar e outros que quisessem estar presentes com respeito pelo que como comunista, foi toda a sua vida, com virtudes e defeitos, méritos e deméritos como todo o ser humano.
Quiseram os comunistas, os trabalhadores, os jovens, os democratas, os patriotas, o povo português, não só corresponder ao seu desejo como ultrapassá-lo pela grandeza participando num acto de homenagem incomparável na sua história.
A própria forma como decidiu do destino dos seus restos mortais revela o seu carácter de recusa do mito ou culto da personalidade. Não ficaremos com as suas cinzas. Guardaremos a sua imagem e o seu exemplo no coração da nossa memória, acolhendo as suas ideias e a sua obra como um legado intrínseco ao nosso projecto, à nossa luta, ao nosso Partido, à democracia, como instrumentos de trabalho e de análise ligados á vida e ao tempo que vivemos…”
(JERÓNIMO DE SOUSA, na Assembleia da República em 16 de Junho de 2005)
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