quinta-feira, 17 de junho de 2010

PALAVRAS, HÁ APENAS 15 ANOS…

PÚBLICO de 9/1/95 referia o seguinte:

O Centro de Emprego de Penafiel elaborou um relatório sobre a evolução do mercado de trabalho no Vale do Sousa, realçando as suas “boas perspectivas” (título da notícia). Isto foi há 15 anos.
Vivia-se então uma “crescente quantidade e qualidade (de) pessoas qualificadas”, com “pequenas empresas, com estabilidade ao nível de emprego”, e que com “a expansão da rede e da frequência escolar” favoreciam uma “competitividade da região”. Era um espaço que se queria “região qualificante” e que vivia sobre as loas do Quadro Comunitário de Apoio 1990-1993, com centenas de cursos de formação profissional, centenas de acções e milhares de formandos. Foi há 15 anos.

No extinto O Comércio do Porto de 3/5/1996 salientava-se a declaração do então Presidente da Câmara de Paredes Granja da Fonseca em que este afirmava que Paredes era então o maior centro produtor de mobiliário do País, detendo cerca de 65% da produção nacional. Curiosamente este é em 2010 o mesmo valor que é referido, o que traduziria uma estabilidade verdadeiramente surpreendente.

Mas em 1996 proclamava-se a “qualidade, a criatividade e a inovação” dos produtores de Paredes, um município “fortemente industrializado”, com crescimento económico, social e demográfico em “índices surpreendentes”.

As palavras dominantes em 1995-1996 só podem fazer sorrir amargamente quem enfrenta hoje um desemprego de 12% nos concelhos do mobiliário, uma precária emigração para Espanha para uma construção civil em crise, a redução de direitos no local de emprego, horas de trabalho não pagas, redução do subsídio de desemprego, roubo nos salários, uma região económica e socialmente decadente.

Importa perguntar: como chegamos aqui?

Nós sabemos.

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