terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A CDU/Paredes não atingiu o seu objectivo principal de aumentar a sua votação relativamente à alcançada em 2005. Este era um dos propósitos.




Independentemente das razões específicas para este resultado, certo é que a CDU não foi o único a descer as suas votações. De facto, PS, CDS e BE, desceram as suas votações, sendo que o CDS perdeu a vereação que embargava. Houve portanto um despejo em termos de votação de todos os partidos com excepção do PSD.
Não peço qualquer tipo de conforto nestes resultados, de qualquer modo, permite-me retirar daqui que talvez como efeito secundário da luta hercúlea PSD/PS, sim, foi nestes termos que ela se desenrolou apesar de no final o PSD ter granjeado um reforço da sua maioria, mas talvez perante essa luta PSD/PS, e com os meios que todos assistimos, o eleitorado se tenha visto na contingência de optar entre uns e outros, retirando espaço aos partidos que estiveram fora da contenda mais visível.
Paredes só tem a ganhar com o debate e troca de ideias, venham de qualquer quadrante. No entanto, e isto decorre muito também da convicção de parte do eleitorado de que apenas o lugar de presidente está em causa, não parecendo registar-se um voto de inclusão de oposição e de adição de outros e diferentes pontos de vista na gestão autárquica, quedando-se esta orientação de voto pela Assembleia Municipal e mesmo assim em fraca medida, mas, o voto recai muito sobre a análise entre os cabeças de lista, os seus nomes e perfis, e de estes para Presidente da Câmara ou da Junta de Freguesia. Daqui, (penso) resultam, por exemplo, a tendência para a bipolarização, a pouca atenção que se presta aos restantes elementos das equipas que acompanham os cabeças de lista bem como a não visualização, previsão ou projecção de desempenho de uns e de outros na oposição.
Apesar da noção que muito mais não poderíamos ter feito, até porque todos estávamos cientes da falta de meios, de tempo de preparação e, claro, das fragilidades daí decorrentes, pelo menos daí, acreditou-se ser importante e apresentar candidaturas às 24 freguesias. Isso foi feito. Com o decorrer da campanha percebeu-se que as dificuldades iriam ser maiores. A avassaladora diferença de meios tornou-se cada vez mais evidente. Não serve de desculpa para o resultado.

Eu particularmente, sinto que poderia e deveria ter feito mais. Mas a vantagem de perceber os erros é que percebo também a hipótese de melhorar.
Restará apenas saudar os vencedores e enviar-lhes um voto de confiança. Terão nas vossas mãos durante 4 anos os destinos de Paredes, a minha terra. Seria pouco sensato da minha parte não lhes desejar as melhores felicidades. Temos de facto pontos de vista diferentes. Mas quero acreditar também no juízo do povo e na democracia que o revelou.
Ouçam os paredenses, leiam e interpretem os estudos existentes, promovam o debate e o envolvimento de todos. Quero também pedir-lhes que aceitem o resultado alcançado e que dêem provas de saber democrático. É também uma responsabilidade de vencedores e vencidos.
Aos eleitores da CDU que confiaram seu voto. Tentaremos não desbaratar a confiança mantendo-nos activos e atentos. Mas peço-vos também apoio e participação.
Paredes, apesar da campanha eleitoral não o ter transmitido, mantém-se mais como potencial do que como realidade. O desemprego, deficiente apoio social, inexistência de infra-estruturas no saneamento, na rede viária, nos transportes, na saúde, com um urbanismo caótico, as promessas (anteriores) esquecidas, Pias 2000 (lembram-se?), o Parque de Campismo, os campos de golfe, a IKEA, o Parque de Exposições de Rebordosa, a pista de Fórmula 1, a Universidade, o pólo do MIT e, mais recentemente, a Cidade Inteligente, o Planit Valley (poderia enumerar muitos mais). Não foram cantados nem pelo Toy nem pelo Tony Carreira.
O atrofiar da pequena indústria, a dificuldade de escoamento e de criatividade da grande indústria também não foi resolvido com as inaugurações apressadas de pedaços de estrada, pedaços de passeios, pedaços de rotundas, pedaços de “modernidade”. Os problemas da nossa juventude também não foram resolvidos nem debatidos.
O apoio social activo e pró-activo tem que ser incrementado. A sensibilidade da escola próxima não pode também deixar de ser considerada como um elemento de peso na avaliação dos prós e contras de qualquer solução. Mas o desenraizamento, a desertificação, a necessidade de utilizarmos veículos para tudo, os custos acrescidos das deslocações, a necessidade de prendermos os nossos filhos 12 ou mais horas numa escola, a impossibilidade de entreajuda de vizinhos, da ajuda de avós e familiares, são claramente problemas pouco atendidos na Carta Educativa. Lutaremos por evidenciar as vantagens em melhorá-la. Lutaremos por isso e por tudo o que acreditarmos que servirá para construir um concelho melhor, forte e empreendedor, onde ninguém seja deixado para trás.

A CDU/Paredes tem como objectivo continuar a afirmar-se como força política no concelho. Para isso é necessário começar já hoje.



Paulo Ferreira




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