sexta-feira, 16 de abril de 2010

REGISTOS DA HISTÓRIA – V


Cunhal e os jovens


Nos anos de 1998 e 1999, Álvaro Cunhal, então já ex-Secretário Geral do Partido Comunista, visitou estabelecimentos escolares do Vale do Sousa a convite de Conselhos Directivos das Escolas e de Associações de Estudantes.
Em 1998 foi a Escola EB 2/3 N.º1 de Penafiel que convidou Álvaro Cunhal para falar do tema “Do Estado Novo á Democracia” no auditório da ACIP. Ás centenas de alunos, professores e pais que enchiam o auditório, Cunhal referiu então que, admirando a juventude, não podia deixar de constatar que “os jovens não eram muito politizados” e tinham uma “reflexão negativa sobre os políticos”.
Já em 1999, na Escola Secundária de Lousada, Cunhal dizia deparar com uma juventude “em constante reflexão viva” e lembrava que “os grandes grupos económicos ditam as regras”. Já então...
E formulou três conselhos: “Vejam todos os vossos semelhantes ao mesmo nível, numa perspectiva de respeito, na outra pessoa há sempre algo para aprender, mesmo que não se trate de pessoas com cultura, pois certamente poderão colher delas os ensinamentos da sua experiência de vida e não tenham receio de expressar a vossa opinião”.
E falando de aprendizagens, lembrou um episódio da sua história pessoal. Quando foi convidado para trabalhar no Colégio Moderno, propriedade do pai de Mário Soares, na qualidade de regente de estudos dos chamados “correccios”, o pai Soares pediu que Cunhal desse explicações ao filho Mário Soares e a outro aluno sobre “coordenadas celestes”. E rematou Cunhal em Penafiel: “nas celestes ainda fui professor de Mário Soares, nas terrestres nunca consegui sê-lo” Era uma figura ímpar, Álvaro Cunhal. E assim permanece na memória e vida de muitos.

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