sexta-feira, 23 de abril de 2010

O ESTADO DE UMA GERAÇÃO


O Município de Paredes, através do Pelouro da Educação, vai realizar, à semelhança de anos anteriores, a edição da Assembleia Municipal de Jovens, envolvendo alunos do Concelho, a realizar no próximo dia 10 de Maio. Pretende-se com esta actividade, que decorre em várias fases, que se promova um debate aberto entre a população escolar jovem do concelho com a finalidade de desenvolver nela competências de cidadania activa e de participação cívica. A temática deste ano foi o tema “A República”.
São já conhecidas as propostas das diversas escolas, a debater e a votar na referida Assembleia. Foram certamente propostas consensuais em cada escola e por isso abordam questões consideradas pertinentes pela população estudantil. Constituem portanto um barómetro do sentir e pensamento consciente de um segmento importante dos paredenses. Vejamos algumas das preocupações expressas:
- participação dos jovens e da sua opinião própria nas autarquias
- interesse colectivo versus interesses individuais e novas formas de organização independente
- regime de governo e corresponsabilização Presidente / Governo
- lei da Paridade
- capacidade electiva de eleitores não residentes nas eleições autárquicas
- prémios e bolsas de ensino, acessibilidade de serviços de saúde, colónias de férias
- desenvolvimento, politicas sociais e parque escolar
São portanto questões importantes, mesmo para o olhar de um adulto, as temáticas que cada escola escolheu. Mas parece-me algo recuada a consciência de outros problemas igualmente pertinentes e que parece-me (e sublinho parece-me) terem estado subalternizados, nomeadamente pelos próprios alunos e pelos professores dinamizadores.
Eis alguns:
- o futuro profissional dos jovens, o emprego, o sucesso
- as condições de trabalho dos jovens, a precariedade, a mobilidade, a família
- a autoridade, a segurança, a violência nas escolas, os Regulamentos Internos das escolas
- a sexualidade, a adolescência e os afectos
- os valores e a ética, a(s) liberdade(s) e a responsabilidade, numa concepção moderna e na óptica dos jovens
- a ecologia e o consumo
-as dependências, os riscos e as patologias

Alguns argumentarão que o tema “A República” por si só restringe os projectos a discutir na edição da Assembleia Municipal de Jovens. Nada mais falso. A República não pode ser um chavão histórico e bafiento, recordação de factos e personalidades, cultivo de referências e valores do passado. A República é o tempo presente, ou melhor, é a superação do tempo presente, das suas ineficácias, das suas incapacidades ou das suas perversões. Só assim se pode discutir o papel da juventude, dos seus desejos, das suas ambições. Que passa por outra República, onde se viva e não só se recorde o passado com lamentações pelo presente.

Cristiano Ribeiro

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